terça-feira, 19 de março de 2013

Eu, minha mãe e uma viagem terrível

   Eu tô irritada. Muito. Até a voz do meu pai no telefone me deixa nervosa. Dá vontade de bater em alguém... Mas eu não faço isso. Já aviso que estou irritada, me isolo, tento me distrair. Tomo meu ansiolítico. Mas continuo assim. Eu fico quieta pra não responder  ríspida pra ninguém. Mas não passa. Me dá vontade de chorar, mas não consigo. Só escrevendo aqui pra me aliviar. [pausa: meu pai me pediu pra ver um boleto na internet e me deu um notícia bem chata]
   Acho que tudo começou ontem, depois de eu e minha mãe passarmos pelo psiquiatra. Sabe, aqui em casa nós não somos de ficar chorando e reclamando pra todo mundo que vem aqui. A gente fala que não tá bem, não mentimos sobre isso. Minha filosofia sempre foi: "essa doença não vai mandar em mim, se a piada for engraçada, dou risada mesmo sem vontade". Geralmente as pessoas não percebem que estou deprimida, a não ser que eu esteja muito mal. Inclusive, sorrir, mesmo sem vontade, me dá uma animadinha, mesmo que só na hora. Já a minha mãe é assim por outro motivo. Minha avó, que nunca descobriu ser bipolar (só juntamos as peças depois que ela havia falecido), vivia fazendo drama, chorando, resmungando pra qualquer um que passasse perto dela, mesmo que ela não conhecesse. Amava se fazer de vítima. Tadinha. E minha mãe jurou nunca fazer igual a ela, pois tinha vergonha de quando ela fazia isso. [pausa: minha mãe me pediu para levar o lixo pra fora agora, 22:17, chuviscando. Depois meu pai me pediu ajuda com o celular dele, pra configurar "o trem".] Então minha mãe sempre trata bem a todos, ela brinca, é  toda jovial. Amo isso nela. E é assim mesmo quando está mal, mas quando está muito mal, ela evita conversar com as pessoas, pois cansa a cabeça dela.
   Mas esse tipo de atitude nos prejudica nos psiquiatras da vida. A gente fala que tá mal, eles não acreditam. Eu já aprendi a lição faz tempo. Se estou deprimida, nem passo maquiagem pra ir à consulta. Fico na minha, não  faço comentários engraçados nem nada. Se estou no fundo do posso, me permito chorar (normalmente eu não choro na frente das pessoas, só desabafo com pessoas muito amigas mesmo). Não é fingimento, eu apenas me desligo do modo "não agir de acordo com emoções que são do transtorno e não minhas". Depois que comecei a fazer isso, os médicos começaram a me levar a sério.
  Só que minha mãe não. Ela se recusa a demonstrar tristeza, diz que não quer ser como minha avó. Então os psiquiatras nunca acreditam muito nela. Eu que sempre tenho que explicar as coisas. E dessa vez não foi diferente. Aí minha mãe fica falando que os médicos não dão atenção a ela, porque ela é velha e gorda, e que me ouvem por ser jovem e bonita. Tinha um que era assim, um velho tarado...aff. Mas só ele. Minha mãe não entende isso. E piorada depressão até entrar num estado de extrema irritação que ela não consegue se controlar. E está começando. E eu odeio brigas. Faço de tudo para evitar, prefiro conversar numa boa. Já estou até com dor no estômago.
  


E agora uma notícia "MARAVILHOSA". Vou ter que viajar com meu pai. Eu gosto de sair com ele, nem é isso. Mas dá quase quatro horas de viagem, curvas loucas e tudo o mais. Eu passo muito mal, levo dias pra me recompor. Fica parecendo que um caminhão me atropelou.  E é pra visitar a família dele, que não vemos faz anos. Ou seja, muito papo pra por em dia. E eu estou muito a fim de conversar, sabe?! Nessa depressão toda e o nervoso pra ajudar. Pior ainda é que minha tia tem uma criação de ácaros de gerações a perder de vista. Minha rinite vai pro espaço! Mas não posso dizer não. Meu pai não viaja sozinho, pois ele tem pressão alta e tem medo de passar mal. Ele quer sair na quinta e voltar na segunda. Deus do céu! Que passe rápido! Droga... tô chorando só de pensar.
   Vamo lá né... enfrentar mais uma situação difícil. Quando eu tô bem e quero sair, nem aparece oportunidade, mas quando eu estou péssima... ai ai. Me ajuda Deus! Me ajuda!


OBS.: lá não tem internet, e na segunda eu vou estar acabada, então, até no mínimo terça... abraços a todos.
   




6 comentários:

  1. Boa sorte, querida!!!
    Me sinto sua alma gêmea no relato de hoje....
    Beijos
    Anna

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  2. Oi Flor!

    Mais uma que é sua alma gêmea no relato. O que dizer? Acho que me resta desejar que vc respire fundo, leve um bom livro e/ou baixe milhares de seriados na internet pra assistir. Vale tb tomar um dramin na viagem, acalma os enjoos e dá um sono bom...

    Boa sorte!
    Bjos,

    Naty

    http://borderline-girl.blogspot.com.br/

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  3. Bem...tomara que você consiga tirar algo de bom disso tudo. Eu não queria estar em seu lugar,pois odeio fazer coisas que me fazem ficar irritada. Boa sorte Flor!

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  4. Oi Flor
    Eu fui no psiquiatra ontem, eu sei que vcs pensam que minha vida é perfeita pelo que eu passo no blog, mas não é MESMO, eu já te falei que o Fernandinho, sabe o meu filhinho pequeno? Ele chama a bipolaridade de doença raivosa, eu choro quando todos estão dormindo, e é bem por aí, o meu psiquiatra disse que eu posso controlar os momentos de ira. What? Será que eu quero prejudicar aquelas coisas fofas que eu mais amo que são meus filhos? Mas eu ergo a cabeça e continuo caminhando, Um dia de cada vez Flor, pense nisso! Sua vida vai melhorar.
    Bjos.

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  5. eh... faco extamente o mesmo que vc... finjo pro mundo, mas no psiquiatra me dou ao luxo de desabar...

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